quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Concurso Literário "Quem conta um conto...acrescenta um ponto"

Os alunos do 2.º Ciclo da Escola Básica N.º2 de Carregal do Sal participaram no Concurso Literário "Quem conta um conto... acrescenta um ponto", promovido pelo semanário Sol em parceria com o Plano Nacional de Leitura.
Os alunos leram um dos livros da colecção Clássicos da Literatura Portuguesa distribuída pelo semanário Sol e escreveram um texto que dava continuação ao livro lido.
Numa primeira fase, os professores de Língua Portuguesa seleccionaram o melhor texto de cada turma. Aos autores destes textos foi oferecido um livro da referida colecção.
Numa segunda fase, foi escolhido um texto a nível do agrupamento, o qual foi enviado para o júri do concurso. O autor deste texto foi Leandro Francisco Marques Tiago do 5.ºD.


O Mandarim

Pobre Teodoro! Vive amargurado. Que saudades que ele tem da vida equilibrada e suave que sempre tivera.
Todos os dias pensava: maldita a hora em que toquei aquela maldita campainha. Todos os dias pensava: foi culpa do demónio! Foi ele que me tramou a vida.
Ele não podia continuar a viver assim. Sentia-se cada dia pior, com o peso na consciência.
Começou a ficar gravemente doente e não parava de pensar: Vou morrer. É hoje que eu morro e não sei a quem deixar tanta riqueza.
Então, decidiu escrever novamente ao seu amigo Camilloff para ver se ele conseguia descobrir a verdadeira família do Mandarim.
Camilloff percorreu a China de uma ponta à outra e encontrou várias famílias com o mesmo nome (Ti-Chin-Fu). Todas elas diziam ser a verdadeira família do Mandarim. Estava cada vez mais complicado de descobrir! Todos sabiam que Teodoro tinha uma fortuna para entregar e todos a queriam receber. Quem é que não queria tanto dinheiro?!
O tempo foi passando, Teodoro estava a ficar velhote e o seu grande problema continuava por resolver.
Um dia, saiu de casa encostado na sua bengala, e ao fim da rua estreita encontrou uma pobre mulher, de luto, com o seu filho já grandito, ao seu lado, a pedir esmola. Teodoro não ligou, mas quando passou por eles, de novo, ao regressar a casa, fixou o olhar naquela pobre mulher com aquela criança. Reparou que eles eram estrangeiros, talvez chineses. De repente, lembrou-se do Mandarim.
Começou a falar com eles e a mulher disse-lhe que quando o marido era vivo, eram muito ricos, mas assim que ele morreu ficaram na miséria. E por isso, decidiram vir viver para Portugal à procura de uma vida melhor.
Teodoro respirou fundo e exclamou:
-São vocês! São vocês a verdadeira família Ti-Chin-Fu!
- Sim, somos nós! Eu sou a esposa de Ti-Chin-Fu e este é o nosso filho. Desde que o meu marido morreu que vivemos muito sós. Passamos os dias na rua a pedir esmola para podermos comer.
- Você tem como provar que é mesmo a mulher do Mandarim? – perguntou Teodoro.
- Claro que sim!
Teodoro ficou aliviado. Finalmente, ia livrar-se daquela maldita riqueza que só lhe trouxera infelicidade.
A viúva e o filho receberam toda a riqueza e voltaram para a China.
Teodoro voltou à sua vida miserável, mas de paz. Aquela que ele nunca devia ter deixado de ter.

(Texto vencedor da fase agrupamento)



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