terça-feira, 5 de abril de 2011

Concurso de Leitura Online - 3.ª fase

2ºciclo


Com o decorrer dos anos, a fama do frade foi-se espalhando. Era conhecido pelas suas obras. Aos pobres levava pão; aos tristes, palavras de consolo. Tratava dos leprosos, convertia bandidos. Tirava a roupa do corpo para dar aos nus, protegia as viúvas e as criancinhas. Dormia em covis como os bichos. Um dia fez uma coisa extraordinária que mostra bem como era humilde: quando a multidão lhe quis prestar uma homenagem, recebendo-o com bandeiras, Frei Genebro rebolou-se num monte de estrume para ficar imundo. - Que cheirete! Que porcaria! Todos taparam o nariz, horrorizados. Os miúdos desataram às gargalhadas. E o frade sentiu-se feliz por fugir à vaidade. Preferia o desprezo, a troça dos homens às honrarias. - É um santo na Terra! – exclamavam os que julgavam perceber de santidade. – Nunca se viu outro assim.



1– “Do fundo da morada, que mais parecia uma cova de bicho, veio um gemido…” Frei Egídio soltou um gemido, porque:

a) sentia-se fraco devido à doença.

b) sentia nostalgia da vida de outrora.

c) sentia o peso dos pecados.



2- Frei Genebro para consolar o amigo naquela hora difícil:

a)contou-lhe as aventuras e desventuras da sua viagem.

b)satisfez-lhe o desejo, preparando-lhe um petisco.

c)sentou-se ao seu lado e juntos oraram.



3– “ Era mentira, mas quem quer ser santo passa por tantos sacrifícios…” Para satisfazer o amigo, o frade mentiu, controlando:

a)a gula.

b)o nervosismo.

c)a ansiedade.



4– Ao descer o monte, Frei Genebro reparou que o rebanho que vira antes se agitava, num reboliço, devido:

a)à escassez de erva.

b)à mutilação do porquinho.

c)à presença de um estranho.



3ºciclo



Retornou a estrada, marchou para Terni. E prodigiosa foi, desde esse dia, a atividade de sua virtude. Através de toda a Itália, sem descanso, pregou o Evangelho Eterno, adoçando a aspereza dos ricos, alargando a esperança dos pobres. O seu imenso amor ia ainda para além dos que sofrem, até aqueles que pecam, oferecendo um alívio a cada dor, estendendo um perdão a cada culpa: e com a mesma caridade que tratava os leprosos, convertia os bandidos. Durante as invernias e a neve, vezes inumeráveis dava, aos mendigos, a sua túnica, as suas alpercatas; os abades dos mosteiros ricos, as damas devotas de novo o vestiam, para evitar o escândalo de sua nudez através das cidades; e, sem demora, na primeira esquina, ante qualquer esfarrapado, ele se despojava sorrindo. Para remir servos que penavam sob um amo feroz, penetrava nas igrejas, afirmando, jovialmente, que mais apraz a Deus uma alma liberta que uma tocha acesa. Cercado de viúvas, de crianças famintas, invadia as padarias, açougues, até as tendas dos cambistas, e reclamava imperiosamente, em nome de Deus, a parte dos deserdados. Sofrer, sentir a humilhação eram, para ele, as únicas alegrias completas: nada o deliciava mais do que chegar de noite molhado, esfaimado, tiritando, a uma opulenta abadia feudal, e ser repelido da portaria como um mau vagabundo; só então, agachado nos lodos do caminho, mastigando um punhado de ervas cruas, ele se reconhecia verdadeiramente irmão de Jesus, que não tivera também, como têm sequer os bichos do mato, um covil para se abrigar. Quando um dia, em Perusa, as confrarias saíram ao seu encontro, com bandeiras festivas, ao repique dos sinos, ele correu para um monte de esterco, onde se rolou e se sujou, para que daqueles que o vinham engrandecer, só recebesse compaixão e escárnio. Nos claustros, nos descampados, em meio das multidões, durante as lides mais pesadas, orava constantemente, não por obrigação, mas porque na prece encontrava um deleite adorável. Deleite maior, porém, era, para o franciscano, ensinar e servir. Assim, longos anos errou entre os homens, vertendo seu coração como a água de um rio, oferecendo os seus braços como alavancas incansáveis; e tão depressa, numa ladeira deserta, aliviava uma pobre velha de sua carga de lenha, como numa cidade revoltada, onde reluzissem armas, se adiantava, com o peito aberto, e amansava as discórdias. Enfim, uma tarde, em véspera de Páscoa, estando a descansar nos degraus de Santa Maria dos Anjos, avistou de repente, no ar liso e branco, uma vasta mão luminosa que sobre ele se abria e faiscava. Pensativo, murmurou: - Eis a mão de Deus, a sua mão direita, que se estende para me colher ou para me repelir. Deu logo a um pobre, que ali rezava a Avé-Maria, com a sua sacola nos joelhos, tudo o que no mundo lhe restava, que era um volume do Evangelho, muito usado e manchado de suas lágrimas. No domingo, na igreja, ao levantar a Hóstia, desmaiou. Sentindo então que ia terminar a sua jornada terrestre, quis que o levassem para um curral e o deitassem sobre uma camada de cinzas. Em santa obediência, ao guardião do convento, consentiu que o limpassem dos seus trapos, lhe vestissem um hábito novo: mas, com os olhos alagados de ternura, implorou que o enterrassem num sepulcro emprestado, como fora o de Jesus, seu senhor. E, suspirando, só se queixava de não sofrer: O Senhor, que tanto sofreu, por que não me manda a mim o padecimento bendito? De madrugada pediu que abrissem, bem largo, o portão do curral. Contemplou o céu que clareava, escutou as andorinhas que, na frescura e silêncio, começaram a cantar sobre o beiral do telhado e, sorrindo, recordou uma manhã com Francisco de Assis à beira do lago de Perusa, o mestre incomparável se detivera ante uma árvore cheia de pássaros e, fraternamente, lhes recomendara que louvassem sempre o Senhor! "Meus irmãos, meus irmãos passarinhos, cantai bem a vosso Criador, que vos deu essa árvore para que nela habiteis, e toda esta limpa água para nela beber, e essas penas bem quentes para vos agasalharem, a vós e aos vossos filhinhos!" Depois, beijando humildemente a manga do monge que o amparava, Frei Genebro morreu.



Assinala se as afirmações são verdadeiras ou falsas.

1.A obra de frei Genebro espalhou-se por toda a Europa.

2.Frei Genebro tratava de forma altruísta e de modo indistinto todos os seres humanos.

3.A infelicidade de frei Genebro resultava do sofrimento e da humilhação.

4.Frei Genebro era frequentemente exposto das abadias como se fosse um vagabundo.

5.A felicidade de frei Genebro advinha de da oração, dos ensinamentos e do serviço ao próximo.

6.Frei Genebro teve medo da aproximação da morte porque iria sofrer imenso.

Concurso de Leitura Online - 2.ª fase

2ºciclo


Recomposto, o viajante subiu, subiu até à cabana e chamou: - Irmão Egídio! Do fundo da morada, que mais parecia uma cova de bicho, veio um gemido: - Quem me chama? Não tenho forças para me levantar. Estou muito doente… Frei Genebro entrou, cheio de dó, aproximou-se do amigo, pálido, deitado numa cama de folhas. - Como te venho encontrar! Em que posso ajudar-te? O que é que tu queres? O outro, um tanto encavacado, confessou: - Não sei se é pecado… Mas francamente, o que me apetece é comer um pedaço de porco assado. Frei Genebro lembrou-se logo do rebanho e consolou-o. - Qual pecado! Sossega, que vou já buscar-te o que me pedes. Pegou numa faca afiada que por ali encontrou, arregaçou as mangas do hábito e, muito sorrateiro, foi apanhar um porquinho que estava a pastar bolota. Tapou-lhe a boca para que não pudesse gritar e, com dois golpes, cortou-lhe uma perna. O animal ficou a arquejar numa poça de sangue. O frade fugiu dali a correr. Como era bom cozinheiro, acendeu uma fogueira e preparou um belo assado. - Está a ficar lourinho! Uma delícia – ia dizendo ao companheiro, para lhe abrir o apetite. O doente deliciou-se com o petisco. Até Frei Genebro teve a tentação de lhe espetar o dente, mas resistiu. - Estou empaturrado. Ainda há pouco papei uma galinha, ovos fritos… Nem vinho me faltou. Era mentira, mas quem quer ser santo passa por tantos sacrifícios… Frei Genebro tinha ainda mais quilómetros para palmilhar. Colocou uma bilha de água fresquinha junto do amigo, tapou-o com uma manta e seguiu caminho, prometendo mandar-lhe alguém do convento para o tratar. Ao descer o monte, viu o pastor furioso: - Quem foi o malandro que atacou o meu porquinho?! Como ele sofre! Ficou só com três patas! Se o descubro, nem sei que lhe faço! O rebanho agitava-se, num rebuliço, em redor do bacorinho mutilado. Frei Genebro, agarrado ao seu bordão de caminhante, afastou-se dali rapidamen. te





Indica a resposta correcta.
1– “Do fundo da morada, que mais parecia uma cova de bicho, veio um gemido…”
Frei Egídio soltou um gemido, porque:

a) sentia-se fraco devido à doença. 

b) sentia nostalgia da vida de outrora. 

c) sentia o peso dos pecados. 



2–Frei Genebro para consolar o amigo naquela hora difícil:

a)contou-lhe as aventuras e desventuras da sua viagem. 

b)satisfez-lhe o desejo, preparando-lhe um petisco. 

c)sentou-se ao seu lado e juntos oraram. 



3– “ Era mentira, mas quem quer ser santo passa por tantos sacrifícios…” Para satisfazer o amigo, o frade mentiu, controlando:

a)a gula. 

b)o nervosismo. 

c)a ansiedade. 



4– Ao descer o monte, Frei Genebro reparou que o rebanho que vira antes se agitava, num reboliço, devido:


a)à escassez de erva. 

b)à mutilação do porquinho. 

c)à presença de um estranho. 






3ºciclo

Do fundo da choça rude, que mais parecia cova de bicho, veio um lento gemido:Quem me chama? Aqui, neste canto, neste canto a morrer!... A morrer, meu irmão! Frei Genebro acudiu em grande dó; encontrou o bom ermitão estirado num monte de folhas secas, encolhido em farrapos e tão definhado que sua face, outrora farta e rosada, era como um pedaço de velho pergaminho, muito enrugado, perdido entre os flocos das barbas brancas. Com infinita caridade e doçura, o abraçou. E há quanto tempo, há quanto tempo, neste abandono, irmão Egídio? Louvado Deus, desde a véspera! Só na véspera, à tarde, depois de olhar uma derradeira vez para sol e para a sua horta, se viera estender naquele canto para acabar... Mas havia meses que com ele entrara um cansaço, que nem podia segurar a bilha cheia quando voltava da fonte. E dizei, irmão Egídio, pois que o Senhor me trouxe, que posso fazer eu pelo vosso corpo? Pelo corpo, digo; que pela alma bastante tendes vós feito na virtude desta solidão! Gemendo, arrepanhando para o peito as folhas secas em que jazia, como se fossem dobras dum lençol, o pobre ermitão murmurou: Meu bom frei Genebro, não sei se é pecado, mas toda esta noite, em verdade vos confesso, me apeteceu comer um pedaço de carne, um pedaço de porco assado... Mas será pecado? Frei Genebro, com a sua imensa misericórdia, logo o tranqüilizou. Pecado? Não, certamente. Aquele que, por tortura, recusa ao seu corpo um contentamento honesto, desagrada ao Senhor! Não ordenava ele aos seus discípulos que comessem as boas coisas da terra? O corpo é servo; e está na vontade divina que as suas forças sejam sustentadas, para que preste ao espírito, seu amo, bom e leal serviço. Quando Frei Silvestre, já tão doentinho, sentira aquela longo desejo de uvas moscatéis, o bom Francisco de Assis logo o conduziu à vinha, e por suas mãos apanhou os melhores cachos, depois de os abençoar para serem mais sumarentos e doces... É um pedaço de porco assado que apeteceis? – exclamava risonhamente o bom Frei Genebro, acariciando as mãos transparentes do ermitão – Pois sossegai, irmão querido, que bem sei como vos contentar- E imediatamente, com os olhos a reluzir de caridade e de amor, agarrou o afiado podão que pousava sobre o muro da horta. Arregaçando as mangas do hábito, e mais ligeiro que um gamo, porque era aquele um serviço do Senhor, correu pela colina até os densos castanheiros onde encontrara o rebanho de porcos. E aí, andando sorrateiramente de tronco para tronco, surpreendeu um bacorinho desgarrado que fossava a bolota, e desabou sobre ele, e enquanto lhe sufocava o focinho e os gritos, decepou, com dois golpes certeiros do podão, a perna por onde o agarrava. Depois, com as mãos salpicadas de sangue, deixando a rês a arquejar numa poça de sangue, o piedoso homem galgou a colina, correu à cabana, gritou dentro alegremente: Irmão Egídio, a peça de carne já o Senhor a deu! E eu, em Santa Maria dos Anjos, era bom cozinheiro. Na horta do ermitão arrancou uma estaca do feijoal, que, como podão sangrento, aguçou em espeto. Entre duas pedras acendeu uma fogueira. Com zeloso carinho assou a perna do porco. Era tanta a sua caridade que para dar a Egídio todos os antegostos daquele banquete, raro em terra de mortificação anunciava com vozes festivas e de boa promessa: Já vai aloirando o porquinho, irmão Egídio! A pele já tosta, meu santo! Entrou enfim na choça triunfalmente, com o assado que fumegava e rescindia, cercado de frescas folhas de alface. Ternamente ajudou a sentar o velho, que tremia e se babava de gula. Arredou das pobres faces maceradas os cabelos que o suor da fraqueza empastara. E, para que o bom Egídio não vexasse com a sua voracidade e tão carnal apetite, ia afirmando enquanto lhe partia as febras gordas, que também ele comeria regaladamente daquele excelente porco se não tivesse almoçado à farta na Locanda dos três Caminhos! Mas nem bocado agora me podia entrar, meu irmão! Com uma galinha inteira me atochei! E depois uma fritada de ovos! E de vinho branco, um quartinho! E o santo homem mentia santamente – porque, desde madrugada, não provara mais que um magro caldo de ervas, recebido por esmola à cancela de uma granja. Farto, consolado, Egídio deu um suspiro, recaiu no seu leito de folha seca. Que bem lhe fizera, que bem lhe fizera! O Senhor, na sua justiça, pagasse a seu irmão Genebro aquele pedaço de porco!... E o ermitão, com as mãos postas, Genebro ajoelhado, ambos louvaram, ardentemente, o Senhor que, a toda necessidade solitária, manda de longe o socorro.




Assinala se as afirmações são verdadeiras ou falsas.

1. O irmão Egídio vivia numa cabana agradável.

2. A face magra de Egídio estava coberta de barbas enegrecidas pelo tempo.

3. Já há muito tempo que Egídio se recolhera na sua cabana devido a um enorme cansaço.

4. Frei Genebro perguntou a Egídio se podia arranjar-lhe alimento para a alma.

5. Frei Genebro pensava que não era pecado alimentar o corpo com as “boas coisas da Terra”.

6. Embora tivesse fome, frei Genebro afirmou ter comido imenso, para que Egídio se alimentasse sem se sentir contrariado.